Redes Sociais, Solidão E Ansiedade Nos Jovens

Será que as redes sociais estão provocando ansiedade e solidão?

Existe alguma relação entre o uso de redes sociais e aumento na ansiedade através de sentimentos de desconexão e solidão?

Olhando por cima, redes sociais como o Facebook, Instagram e Twitter parece ser o meio moderno de facilitar nossa conectividade com as pessoas, compartilhando atividades e notícias, e mantendo contato com os amigos, tanto os velhos quanto os novos.

Porém, todas as tecnologias geralmente são uma mistura de coisas boas e ruins, e as redes sociais modernas não são diferentes.

Em primeiro lugar, a solidão parece ter uma relação recíproca com a ansiedade social.

Ansiedade social é um problema de ansiedade onde a pessoa tem um medo excessivo de situações sociais sem motivo aparente.

Ansiedade social é reconhecida por facilitar a solidão, mas a solidão também aumenta a ansiedade social e sentimentos de paranoia, e isso pode representar um processo cíclico que está especialmente presente nos jovens e nos nossos tempos modernos.

Como as redes sociais podem estar envolvidas na solidão, ansiedade social e paranoia?

Leia também: O Que É Transtorno Da Ansiedade Social? O Que Causa Ansiedade Social?

A solidão nos jovens é amplamente o resultado das redes percebidas de amizade.

Efetivamente, sentimentos de solidão aumentam se o indivíduo tem poucos amigos.

Nos tempos modernos, rede sociais como o Facebook e Twitter são grandes contribuintes para a rede de amigos dos jovens, portanto se você tem a percepção de ser um usuário bem-sucedido nas redes sociais ou não, isso provavelmente terá um impacto nos seus sentimentos de solidão, ansiedade, paranoia e saúde mental de maneira geral.

O fenômeno relativamente moderno das redes sociais e suas tecnologias associadas adicionam uma nova dimensão para a solidão e ansiedade.

Isso acontece porque redes sociais oferecem aos jovens uma maneira de quantificar diretamente as amizades, mostrando as redes de amizades de outros amigos para fins de comparação e fornecendo informações instantâneas sobre eventos sociais.

Você consegue comparar sua própria popularidade com a popularidade dos seus colegas e gerenciar aquele “medo de ficar de fora” dos adolescentes monitorando constantemente o que está acontecendo socialmente.

Portanto é fácil ver como o uso da tecnologia pode tomar o lugar de interações sociais mais tradicionais e fornecer informações sobre a popularidade da pessoa.… ou mais significativamente, os sentimentos de solidão e alienação da pessoa.

Existe uma ampla fonte de evidências de que a solidão, ansiedade social e isolamento social pode causar uso excessivo de aplicativos de redes sociais nos jovens.

Por exemplo, um estudo feito em estudantes universitários no Reino Unido descobriu que interação social na vida real foi negativamente associada ao uso excessivo de Twitter, e a solidão foi um fator significante que mediou esse relacionamento.

Portanto fica claro que muitas pessoas usam aplicativos de redes sociais em geral para se livrarem dos sentimentos de solidão.

A ansiedade social e a necessidade de aprovação social também estão associadas ao uso problemático de Facebook até um ponto onde o Facebook se transforma em um vício.

Já foi mostrado que o vício por rede social pode ativar as mesmas áreas cerebrais que drogas viciantes como a cocaína!

Esse vício impõem uma ameaça ao bem-estar físico e psicológico e interfere no desempenho na escola ou trabalho.

Ficar sem usar o Facebook é visto pelos usuários como um ato de “sacrifício” ou “desintoxicação”.

Portanto o ciclo vicioso é que a solidão e ansiedade social geram o uso de aplicativos de redes sociais, mas o uso viciante das redes sociais provoca mais formas de ansiedade e estresse.

Leia também: Causas Da Ansiedade Na Adolescência

Por exemplo, um estudo com 1839 estudantes de faculdade feito pela universidade Lock Haven nos Estados Unidos descobriu que o tempo gasto no Facebook estava fortemente relacionado às baixas notas dos alunos, porém a relação negativa com o desempenho na faculdade foi apenas no tempo gasto socializando no Facebook.

Usando o Facebook para coletar e compartilhar informações foi um indicador positivo de boas notas… sugerindo que, assim como a maioria das outras tecnologias, o uso do Facebook pode ter impactos tanto negativos quanto positivos.

(Sem Remédios... Sem Abordagens Que Não Funcionam).

Esse estudo não resultou em nenhuma perspectiva de direção clara aqui: baixas notas causaram mais tempo no Facebook ou o tempo gasto no Facebook causou notas baixas?

Porém, se o uso do Facebook é um vício genuíno, onde o usuário não consegue controlar facilmente, não precisa se forçar muito para enxergar que o uso do Facebook pode ser prejudicial ao desempenho acadêmico quando este uso se torna incontrolável.

Em segundo lugar, um estudo feito em estudantes de faculdade feito pela Universidade do Colorado descobriu que quase todos os participantes do estudo passaram por alguma forma de estresse provocado pelo Facebook e que esse estresse estava diretamente associado com problemas de saúde físicos, como infecções respiratórias.

No entanto, o que foi interessante notar é que esse estresse não era resultado do tamanho pequeno da rede social do participante.

O estresse era na verdade resultado de uma rede de amigos muito grande.

Quanto maior era a rede de amigos no Facebook, maior era o estresse, portanto uma rede muito grande de amigos em sites e aplicativos de redes sociais também podem ser uma fonte de estresse nos jovens de hoje.

O estresse e ansiedade causados por uma grande rede social cibernética de amigos tem sido bem ilustrado em um estudo de Harvard.

Eles descobriram que, depois de pesquisar outros fatores relevantes como o sexo, idade, tempo acordado, estresse percebido e apoio social percebido, quanto maior for a rede de amigos no Facebook, maior será a produção diurna do hormônio do estresse cortisol.

Níveis mais altos de cortisol estão associados ao estresse crônico e preocupação, esgotamento e é um fator de vulnerabilidade para a depressão.

Os autores desse estudo especularam que o número de amigos no Facebook que você tem pode ser positivo até um certo ponto e oferecer aprovação social e apoio social, mas depois que esse nível ideal é ultrapassado, o apoio social pode virar pressão social e levar a um aumento de estresse e níveis mais altos de cortisol.

Nós já vimos que o uso das redes sociais podem afetar a saúde física e desempenho na escola ou trabalho, mas assim como qualquer outra forma de vício, o medo de não conseguir usar ou acessar sites e aplicativos de redes sociais provocam um estresse a mais, nesse caso causado pelo sentimento de exclusão social, resultado da incapacidade de acessar esses sites.

Isso é um sinal claro de vício.

Para a maioria de nós, nossas redes sociais é frequentemente a primeira coisa que nós verificamos pela manhã e a última coisa que nós verificamos antes de dormir.

Redes sociais como o Facebook, Instagram e Twitter fornecem atualizações infinitas que podem transformar o mero interesse em redes sociais numa compulsão estressante e prejudicial para a saúde que, além de afetar os níveis de estresse, também levam a sentimentos de inadequação e baixa autoestima.

Nossa cultura moderna pode ser tanto poderosa quanto perigosa.

Veja também: Teste: Qual é o Seu Nível de Ansiedade?

Jovens e adolescentes podem falar amplamente sobre seus vícios em redes sociais, mas será que eles falam sobre a ansiedade que as redes sociais geram?

Um estudo sobre isolamento social descobriu que, entre 1984 e 2005, o número de confidentes que uma pessoa tinha diminuiu de 2,94 para 2,08… uma queda significante no que nós chamaríamos de “amigos de verdade”.

Isso é importante porque como o sociólogo Eric Klinenberg apontou, é a qualidade das suas interações sociais, e não a quantidade, que define a solidão.

Isso é algo que pessoas mais velhas entendem e tem plena consciência, e a vida parece ter ensinado a eles que poucos amigos de qualidade são mais importantes do que a quantidade de contatos na sua rede de amigos.

Mesmo apesar da conectividade ter significativamente caído nos últimos 50 anos, nós ainda temos a necessidade evolutiva de estarmos conectados com outros seres humanos.

Formar conexões com animais, amigos online ou até mesmo com Deus, é uma tentativa nobre (de uma criatura que vive obrigatoriamente em bandos) de satisfazer uma necessidade.

Essa necessidade contínua diante do assustador isolamento social coincidiu com a internet nos fornecendo um “exército de confidentes substitutos”, onde não existe nenhum confidente na forma original do termo.

Nesse sentido, redes sociais como Facebook tem se tornado ferramentas substitutas para procurar conectividade, e como consequência nossos contatos ficam mais amplos, porém mais rasos, superficiais.

Nosso uso de redes sociais na busca pela conectividade pode simplesmente nos deixar mais desconectados e solitários.

Por exemplo, a sensação de estar desconectado das pessoas está associada com as interações passivas no Facebook, tais como usar a rede apenas para atualizar suas próprias atividades ou meramente scanear as atividades dos amigos.

Se você entra no Facebook todos os dias, assim como mais da metade de todos os usuários de Facebook no mundo, e você usa dessa forma passiva, você está meramente reforçando seus sentimentos de desconexão.

As conclusões dessas descobertas sobre o uso de sites e aplicativos de redes sociais é que a solidão e ansiedade social de fato parecem facilitar o uso desses sites… até o ponto de virar um vício, onde existe um desejo nada saudável de passar horas todos os dias verificando as atualizações em todas as plataformas.

Porém, mesmo com uma quantidade de amigos normal em sites como Facebook e Twitter, existe estresse e sentimentos de desconexão, existe o estresse que causa problemas de saúde físicos e afetam negativamente o desempenho acadêmico de jovens e adolescentes.

É seguro afirmar que o uso de redes sociais por jovens e adolescentes não é apenas uma consequência das ansiedades sociais deles, mas causa mais ansiedade e estresse em um mundo com epidemia de ansiedade.

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