Rede sociais como o Facebook pode magnificar problemas psicológicos negativos.
Muito já foi escrito sobre os impactos positivos e negativos das redes sociais, especialmente sobre o Facebook, que agora tem mais de 2 bilhões de usuários.
As pesquisas sobre os aspectos negativos do uso frequente do Facebook se concentram nas possíveis relações com os estados e comportamentos psicológicos negativos, como ansiedade, baixa autoestima e narcisismo.
A maneira como os usuários de redes sociais criam e monitoram seus perfis online pode dar uma pista sobre seus sentimentos de autoestima e autodeterminação, de acordo com uma equipe internacional de pesquisadores.
“Os tipos de atitudes que os usuários tomam e o tipo de informação que eles estão publicando no Facebook são um reflexo de suas identidades”, segundo um dos pesquisadores Shyam Sundar, Professor de comunicação e diretor do Laboratório de Pesquisas Dos Efeitos da Mídia no Estado da Pensivânia.
Sundar afirma que as pessoas com baixa autoestima estão mais preocupadas com o que as outras pessoas falam sobre elas no Facebook.
Em contraste, os usuários com autoestima mais alta passam mais tempo adicionando informações pessoais sobre a família, educação e trabalho.
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Usuários com baixa autoestima monitoram constantemente seus perfis no Facebook para apagar publicações indesejadas de outros usuários.
“Quanto mais tempo você fica conectado no Facebook, mais forte é a sensação de que os itens que você publica — por exemplo, suas fotos e frases — são parte da sua identidade.
Você também fica mais propenso a enxergar essas publicações como suas posses virtuais”, diz.
Como os dois grupos de usuários do Facebook (os de alta autoestima e baixa autoestima) enxergam a rede social como uma extensão da auto identidade, eles estão dispostos a pagar por produtos que a rede social oferece, de acordo com Sundar.
Por exemplo, desenvolvedores de aplicativos para redes sociais podem atrair clientes oferecendo customizações para deixar o perfil da pessoa na rede social mais atraente, como tratamento das fotos.
A pesquisa feita por Sundar é consistente com os estudos anteriores.
Um estudo conduzido pela Universidade de Gothenburg na Suécia entrevistou 335 homens e 676 mulheres (com uma média de idade de 32 anos) para ajudar a determinar a relação entre autoestima e uso de Facebook.
Foi descoberto uma relação significativamente negativa entre os dois (quanto maior o uso de Facebook, menor era a autoestima), apesar da principal diferença ser entre os gêneros.
As mulheres que usavam mais o Facebook se sentiam menos felizes e contentes com suas vidas.
Um outro estudo anterior da Universidade da Georgia descobriu que as redes sociais influenciam na nossa autoestima e até certo ponto nas nossas tendências mais narcisistas.
“Apesar do nome rede social, boa parte da atividade do usuário nos sites de relacionamento estão focados na própria pessoa”, de acordo com Brittany Gentile, uma pesquisadora que estuda os efeitos das redes sociais na autoestima e narcisismo.
O estudo, publicado no journal Computers in Human Behavior (Computadores no comportamento humano), sugere que a maioria das pessoas que entram no Facebook todos os dias podem estar estimulando a própria autoestima no processo.
Em teoria, o Facebook pode ser ótimo para as pessoas com baixa autoestima.
Compartilhar é importante para melhorar a amizade.
Mas na prática, pessoas com baixa autoestima parece comportar de maneira contraproducente, bombardeando seus amigos com fatos negativos sobre suas vidas e deixando elas menos simpáticas, de acordo com um estudo publicado no Psychological Science.
“Nós temos essa ideia de que o Facebook pode ser um lugar muito fantástico para as pessoas fortalecerem seus relacionamentos”, diz Amanda Forest da Universidade de Waterloo, com a orientadora dela na época Joanne Wood.
As duas pesquisadoras estudam autoestima e como a autoestima afeta os diferentes tipos de emoções que as pessoas expressam.
As pessoas com baixa autoestima frequentemente não se sentem confortáveis compartilhando cara a cara, mas no Facebook torna possível compartilhar de longe.
(Sem Remédios... Sem Abordagens Que Não Funcionam).
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Em um dos estudos, Amanda e Joanne perguntaram para os estudantes como eles se sentiam e o que achavam do Facebook.
Pessoas com baixa autoestima eram mais propensas a achar que o Facebook fornecia uma oportunidade para conectar com outras pessoas, e percebiam o ambiente como um lugar seguro que reduzia o risco de situações sociais embaraçosas.
Os pesquisadores também investigaram o que os participantes publicavam no Facebook.
Eles perguntaram para os estudantes qual foram suas últimas 10 atualizações de status, e ouviram coisas como “Eu escrevi que tenho sorte de ter amigos incríveis e desejo um bom dia a todos!” e “Estou com muita raiva porque roubaram meu celular”.
Cada atualização de status foi classificada para ver a positividade ou negatividade.
Para cada publicação, estudantes universitários — que eram estranhos para os participantes — classificaram o quanto eles gostaram da pessoa que escreveu a publicação.
Pessoas com baixa autoestima eram mais negativas do que pessoas com auto estima alta — e os estudantes universitários gostaram menos das pessoas mais negativas.
Eles eram estranhos, mas isso é realista.
Durante a pesquisa, Amanda e Joanne descobriram que praticamente metade dos amigos do Facebook na verdade eram estranhos ou colegas, e não amigos próximos.
Os pesquisadores também descobriram que pessoas com baixa autoestima receberam mais respostas dos verdadeiros amigos quando eles postavam atualizações altamente positivas, comparado com outras publicações menos positivas.
As pessoas com autoestima alta, por outro lado, receberam mais respostas quando postavam coisas negativas, talvez porque isso era mais raro para eles.
Portanto as pessoas com baixa autoestima podem se sentir seguras divulgando coisas pessoais no Facebook — mas isso não está ajudando elas.
“Se você está conversando com alguém pessoalmente e você diz alguma coisa, você pode receber alguma indicação de que eles não gostaram, que eles estão cansados de ouvir sua negatividade”, diz Joanne.
Mas quando as pessoas têm uma reação negativa à uma publicação no Facebook, elas parecem manter a reação em segredo.
“No Facebook, você não vê a maioria das reações”.
Os pesquisadores Elliot Panek, Yioryos Nardis e Sara Konrath exploraram a hipótese da rede social refletir e amplificar níveis crescentes de narcisismo na nossa cultura.
Em um estudo publicado online na revista Computers in Human Behavior (link externo),
Os autores acreditam que o Facebook é um espelho e o Twitter é um megafone para a cultura obsessivamente narcisista.
Em outro estudo, Christopher Carpenter, um professor de comunicação na Universidade Western Illinois, afirma que o Facebook tem um lado negro.
Narcisismo é definido como “um penetrante padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e senso exagerado de auto importância”, diz ele.
Ele acredita que o Facebook fornece um fórum ideal para o narcisista comum.
Os resultados do estudo confirmaram a hipótese de Christopher de que o exibicionismo está associado a auto promoção e tem correlação com comportamentos antissociais.
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E a ansiedade?
Outro estudo focado nos resultados menos desejáveis do uso do Facebook foi conduzido por cientistas escoceses na Universidade Edinburgh Napier, liderado pela pesquisadora Dra. Kathy Charles.
A pesquisa dela concluiu, entre outras coisas, que:
- 12% dos usuários estudados disseram que o Facebook deixou elas mais ansiosa ansiosas;
- 30% disseram que se sentiram culpados por rejeitarem solicitações de amizade;
- Muitos disseram que sentiram a pressão de aparecer com alguma atualização de status;
- Muitos não gostaram das diferentes regras da etiqueta online para diferentes amigos e membros da família.
A pergunta óbvia vem à tona, então, em referência a essa pesquisa: se os usuários sentiam mais estresse e ansiedade, porque continuavam usando o Facebook?
A doutora Charles afirma que a grande maioria dos participantes no estudo dela queriam usar o Facebook para manter contato com os amigos e não perder alguma coisa importante.
Isso gera pressão, mantendo os usuários em um estado neurótico similar a jogos de azar — onde você continua jogando porque está esperando a próxima grande coisa acontecer.
A conclusão é que, apesar do uso generalizado e benefícios publicados, sites e aplicativos de redes sociais como Facebook e Instagram podem ter efeitos negativos mais sérios nos usuários.